Amanhã passarão quatro anos sobre a morte do meu filho Miguel. Posso afirmar, sem mentir, que não houve um só dia que começasse sem o saudar e o terminasse sem dele me despedir. Na minha casa as suas fotografias a sós e com o irmão, estão bem presentes. Vivo, aliás, rodeada dos meus, desde os bisavós aos netos que tenho.
Amanhã começarei o dia com uma missa em sua intenção, onde espero ter comigo o seu irmão e a sua irmã, juntamente com os amigos. Não vai ser um dia fácil, como aliás o de hoje também não será, porque me faz lembrar os últimos momentos da sua vida, que é a imagem mais atroz que até hoje presenciei.
O meu filho morreu com uma enorme dignidade e o que mais me custa é que tenhamos tido que a partilhar com o partido em que militava, o qual jamais permitiu que a sua morte fosse apenas um assunto de família. Embora me esforce por compreender que essa era uma parte importante da sua vida, é-me muito difícil aceitar que o Bloco se pudesse ter transformado numa espécie de segunda família...
Finalmente, decorrido o primeiro aniversário do seu desaparecimento, somos nós - eu e o irmão - que nesta matéria passámos a ocupar o lugar que nos cabe, decidindo do "como" e do "onde" a sua morte será relembrada. Desta vez será na Capela do Rato, na missa das 11:30, celebrada pelo Padre Tolentino de Mendonça.
HSC