segunda-feira, janeiro 18, 2016

Histórias de amor (3)


A política, quando exercida com profundo empenho, pode também ser o relato de uma história de amor. Ou de uma vocação, o que não é, afinal, muito diverso. E quando não toma exactamente essa forma, tem normalmente por detrás de si, algo que se lhe assemelha.
Não é por acaso que religião, futebol e ideologias se não discutem calmamente e são marcadas por um tal ardor que mais não é que uma forma de paixão.
Quis o destino que apenas me motivasse o primeiro destes temas e já tardiamente na minha vida. Mas sou incapaz de o abordar com o calor que outros têm. Não porque me interesse menos ou porque lhe dê menos importância, mas porque fico aflita quando vejo gente a gritar, a impor o seu ponto de vista, enfim, a tentar liquidar o seu adversário.
Porém pode perguntar-se se fora destes temas eu não reajo doutra forma. Creio ser sincera ao responder não. Quem, como eu, vê o que se escreve a favor e contra um filho meu, não pode dar-se ao luxo de ter estados de alma com o que lê. Porque, se fosse o caso, eu já estaria hospitalizada...
Confesso que gostava, por um período muito curto, de ser capaz dessa chama que envolve quem faz política por paixão. Só para sentir essa vibração por uma ideia e ver se ela é muito diferente daquela que se sente por uma pessoa. Mas não aguentaria jamais o confronto que transforma o adversário num inimigo. Deve ter sido pr isso que Deus me não bafejou com tal qualidade...

HSC

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